quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Existência

Enquanto eu existir
Sempre ei de sorrir
Pela dor do palhaço
Pelo nosso regaço

E vivendo a sonhar
Sempre ei de lutar
Pelo chão que piso
Pelo ar que respiro

Dentre esse viver
Sempre ei de querer
A beleza do amor
E a riqueza da dor

E por tudo isso
E o que não foi dito,
Mas no recôndito 
Do meu infinito!

Cão

Neste mundo dividido
Onde o chão é oprimido
E o cão é o escolhido
Demos graças pelo pão
Conseguido pela ilusão
De um trabalho escravo
Que nos fez "um bravo"
Em tudo, o que mais valia!
E nos desse a igual quantia
Do tempo que não temos,
Da alegria que não vemos...
E assim subjugando-nos vão
Os poucos gritos, que se fazem em vão...
Perante a multidão, que se julga cão.

Ela

Ela não se reconhece em quase ninguém
Insensíveis e egoístas são as pessoas
Seu amor, aquele, já não vale um vintém  
Tanto cousas e entregas tu vens e amaldiçoas
Ela não sabe mais o que fazer, caminha...
Olha as janelas e espera que chova,
Uma chuva de renovações e sozinha...
Sem dor, sem amor, mas feliz que ecoa
Um eco ensurdecedor, que resplandeçe em seus olhos...
Caminhando e tomando banhos de chuva encantada!